sexta-feira, 24 de outubro de 2008

5km, 11 rotundas



É verdade, a distância que separa a minha casa da universidade são 5km, e nesta distância passo por 11 rotundas, mas já lá vamos.
Moro perto da cidade, mas ao mesmo tempo longe, isto porque? Porque sinto-me perto de tudo e ao mesmo tempo longe da azáfama e confusão da cidade. Sinto-me privilegiado de ter uma boa vista sobre a cidade, onde se salienta naturalmente, a Sé, quer seja dia ou noite, onde também consigo observar a Serra da Estrela, que fica linda e brilhante quando coberta de neve e por último, mas também relevante, consigo avistar a minha universidade. É com este cenário que acordo todas as manhas sentindo também um aroma intenso a frutas da minha quinta, que a brisa fresca arrasta pela manha. Percorro uns metros de terra batida da minha rua, ladeada por muros de granito, onde se salientam as imponentes laranjeiras do meu vizinho, que com toda a sua vitalidade vão resistindo ao abandono. Deixo a minha rua em terra batida, e entro numa rua alcatroada, onde aqui já se começa a sentir mais a presença da urbanidade, mas ainda de uma forma transitória e onde se encontram, intercalando as casas e os prédios, alguns quintais. Poucos metros mais á frente entro na rua principal da minha terra, denominada por Estrada Velha. A razão deste nome é que, segundo se diz, esta era um dos mais antigos eixos viários da cidade, datada já do tempo romano. Não sei se será totalmente verdade, o que é certo é que este eixo começa na cava de Viriato e vai em direcção ao monte de St. Luzia, um dos pontos mais alto da cidade. Contudo, esta rua já tem passeios e estacionamentos, e onde há uma forte presença residencial e até mesmo comercio pontual. Aqui deixam-se de ver quintais e passam-se a ver jardins, alguns coloridos salientando-se uma ou outra árvore de grande estatura, entre as quais identifico cedros, cerejeiras e figueiras.
Com o andamento do percurso, aproximo-me da minha antiga escola secundária, que marca também o inicio do calvário de rotundas que me liga até à universidade. Nesta zona, vem-me à memória, com uma certa nostalgia, os bons tempos passados nos três anos naquela escola. Estas lembranças, servem-me para me abstrair um pouco deste troço do percurso, que considero mais feio e que há pouco para contar. No entanto, o que mais realça é a transição que se vai fazendo, pois neste momento já me encontro numa grande avenida, com duas vias para cada sentido, com estacionamentos abundantes e generosos passeios (onde se vê muitas pessoas fazendo jogging matinal) com um ritmo certo de árvores. Mas contrastando estas “avenidas” com grande traça urbana interrompido por algumas rotundas, olha-se para o lado e em vez de se observar grandes urbanizações, vêem-se grandes quintas, boa parte delas cultivadas. Passo por um riacho sem dar por isso, apercebendo-me somente pela enorme massa verde que a protege. Deslumbro novamente a Sé, numa vista já mais próxima e detalhada.
Chego à circunvalação, até aqui, e sem dar por isso, já deixei para trás seis rotundas, faltando serpentear ainda mais cinco para chegar ao destino pretendido. Aqui já se entra no ritmo intenso da cidade, onde os aromas agrestes, são substituídos pelo Co2 libertado pelos carros. No entanto ainda avisto um alinhamento de castanheiros bem tratados, aqui na circunvalação as árvores que ladeiam a estrada já têm um porte considerável que se vai aumentando gradualmente à medida que se avança no percurso e onde chego a avistar alguns castanheiros, salientando o majestoso e imponente conjunto de árvores do Fontelo, que quanto a mim é um dos sítios mais puros da cidade. Até à universidade de registo tenho a grande visão sobre a Serra da Estrela, logo depois de passar pela última rotunda, chegando por fim ao estacionamento onde consigo distinguir carvalhos, pinheiros e sobreiros que dão uma óptima sombra, durante os dias de sol.

1 comentário:

Anónimo disse...

Bem, e que saudades dessas rotundas! Não sabem a sorte que têm em viver numa cidade quase sem semáforos... Eu já não digo o mesmo, e olha que sei o que é estar dos dois lados! Para mim é sem dúvida a melhor solução para o transito.