Memória Descritiva e Justificativa
Como segundo tema da cadeira de Projecto VI, foi-nos proposto um projecto para uma “Casa do Silêncio”, um tema novo para a maior parte da gente, o que por isso nos deu mais motivação para este trabalho.
O silêncio por definição é o “estado de uma pessoa que cessou ou se abstém de falar ou de produzir qualquer som”, para mim o silencio tem que estar sempre ligado com a natureza, porque na minha ideia numa “Casa do Silencio”, não tem necessariamente que existir um silencio absoluto, um “silencio aterrador”, mas sim um silencio que nos transmita calmia e harmonia, criando um “espaço de reflexão”, que nos consiga abstrair, da pressão do dia a dia. Com estes princípios, parti para a idealização do meu projecto, procurando desde a localização á construção, a preocupação, da importância da natureza.
Em termos de localização, as minhas preocupações, desde o início do ano, foram preservar a zona verde existente, e este projecto não foge á regra, pois a localização do projecto situa-se numa clareira existente, com o intuito de minimizar o abate das arvores existentes. Apesar do terreno ser um pouco rochoso, pelo qual irei tirar partido, não é muito inclinado, mas no entanto, o meu projecto adapta-se às cotas existentes, havendo poucas movimentações de terras, resultando em três cotas de piso diferentes no edifício.
Em termos projectuais, decidi primeiramente dividir o projecto em duas partes claras e distintas, um corpo onde se desenvolve todo o programa mais social, e depois um outro corpo “fragmentado” de uma zona mais privada, a dos habitáculos.
No primeiro corpo, o conceito usado foi que funcionasse como “barreira” entre o exterior (ruído) e o interior (silencio) de tal modo que optei por uma fachada cega, onde somente se salienta a marcação da entrada. No interior é clara a hierarquia dos espaços, onde também é privilegiado o contacto com o exterior nas zonas mais nobres, na biblioteca e na zona de recepção, através de jardins interiores, tendo sempre em conta os estudos de luminosidade nestes espaços, e também na capela, dando ênfase ao altar. Pertencente a este corpo é também o refeitório, sendo uma zona social mas ao mesmo tempo frequentada pelos utentes dos habitáculos, considerei como sendo uma zona social, mas ao mesmo tempo privada, explicando por isso a opção de o não colocar claramente neste corpo, mas sim anexa-la a este e dissimula-la com o terreno.
No segundo corpo, a ideia foi tentar fragmenta-lo em três núcleos de habitáculos, sempre ligados entre si pelas zonas de circulação.
No habitáculo em si, quis aplicar as principais ideias do projecto, privilegiando o contacto com a natureza, mas ao mesmo tempo com privacidade e refúgio total. Um habitáculo simples, com constantes eixos visuais para o exterior, através, da porta envidraçada, que da acesso ao pátio, bem como pelo vão superior, que da uma visualização para o exterior, não perdendo a privacidade do habitáculo, não havendo cruzamentos de olhares, do exterior para o interior.
Os corredores de circulação, apesar da sua dimensão, o facto da existência de aberturas superiores, dá uma certa vida e quebra a monotonia, vendo raios solares a penetrarem na escuridão que os corredores potenciam.
Em termos de materiais utilizados, não quis variar muito de linguagem, com o objectivo, de o próprio edifício nos transmitir tranquilidade, por isso utilizei praticamente dois materiais base, a madeira e o betão á vista, que também faz parte da própria estrutura, e o facto de em grande parte utilizar betão, houve necessidade de aplicar painéis de correcção acústica no tecto, na maior parte dos espaços.
Com tudo isto podemos concluir que se trata de um projecto simples e claro, onde é notória a conjugação com o Exterior/Interior e Zonas Privadas/Sociais.
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